Qual o numero ideal de repetição para o meu treino? Saiba já o numero certo de repetições para chegar ao seu objetivo!
Dentro das academias, podemos buscar centenas de objetivos e podemos visar diferentes metas, mas, a busca pelo desenvolvimento da musculatura
hoje é uma das principais atividades dentro das mesmas, sendo que para
isso, infinitas são as formas propostas e realizadas a essa finalidade.
Hoje vamos entender melhor a questão de repetições dos exercícios, qual é o numero ideal?

Inúmeros são os mecanismos que fazem a musculatura se desenvolver de diversas formas: No
tamanho das células, no número de células (ainda há controversas), no
controle neuromuscular, nas adaptações musculares diversas, entre muitas
outras. Desta forma, cada uma delas segue um ou mais mecanismos
envolvendo fatores tais quais os genéticos, por fatores fisiológicos,
biológicos e até mesmo os externos como os propostos pelo (s) sistema
(s) de treino (s), pela alimentação, pela periodização, pelo descanso,
entre outros.
Certamente, se há algo que de fato estimula o crescimento muscular, este pode ser considerado o treinamento e, se estivermos falando especificamente do crescimento máximo muscular, esse é o treinamento resistido com pesos.
Apesar de, momentaneamente ser extremamente catabólico, é através dele
que possibilitamos que esses mecanismos de desenvolvimento máximo
muscular possam acontecer de maneira otimizada, atingindo então o
objetivo final. Mas, diante de todos os métodos que existem de
treinamento hoje propostos não só no mundo científico ou empírico, mas
também no mercado (pois sim, sistemas de treinamento também viraram
“produtos”), por qual deles optar? Qual realmente poderá oferecer o
máximo estímulo e, frente aos fatores já citados, uma máxima recuperação
e, consequentemente o máximo de resultados?
Ao
realizar um exercício nos primeiros dias de academia, uma das
principais coisas que fazemos é nos importar não com o trabalho máximo,
mas, com o número de repetições. E isso está implícito
na mente humana do “quanto mais, melhor”. Portanto, muitos acreditarão
que o mais sempre será o melhor. Porém, com o passar do tempo,
percebemos que a coisa acontece de maneira teoricamente inversa. E
muitos passam a achar que o “menos” (de menos) também seja melhor. E
podem acabar pecando por isso também… Mas não é a toa que nos
preocupemos tanto com o número de repetições, uma vez
que o treinamento resistido basicamente é composto por exercícios com
movimentos repetitivos visando a exaustão muscular, a grosso modo.
Assim, é talvez conveniente ter uma média para que possamos, não
trabalhar demais, oferecendo um trabalho aeróbio com pesos ao músculo (o
que não é o melhor mecanismo de crescimento muscular) e nem um trabalho
de menos para a mesma finalidade, podendo ser, neste caso, um trabalho
submáximo ou um trabalho que vise aspectos mais relacionados a força
bruta e explosiva.
A relevância que há no número de repetições
que devem ser realizadas, ainda é algo que gera certa controversa. Isso
porque, alguns acreditam piamente que elas possam funcionar e,
funcionar bem. Outros, preferem crer que uma média é algo mais seguro a
ser feito e, por terceiro, ainda há os que desacreditam que contar
repetições funcione de algo.
O conceito de crescimento muscular
hoje é algo muito amplo. Como dito, são muitos os mecanismos para isso
acontecer. Entretanto, sabe-se que o principal deles é mesmo a hipertrofia,
não um aumento no número de células (hiperplasia – que, repito, também é
controverso) e tampouco um aumento no número de músculos em si. A
hipertrofia, por sua vez hoje é definida basicamente em duas grandes
vertentes, sendo elas a miofibrilar e/ou duradoura (aumento nas fibras musculares, propriamente ditas e supercompensação protéica) e hipertrofia sarcoplasmática e/ou não duradoura
que consiste em sua maior parte no aumento de conteúdo intracelular e,
de líquido no interstício. Apesar dessa divisão e, da antiga concepção
que uma ou outra forma de treinar estimularia uma ou outra, sabe-se
também que ambas ocorrem (porém, aí sim em proporções diferentes de
acordo com o treinamento) simultaneamente. Isso deve-se a observação
que, em atletas que possuíam um tipo de treinamento que teoricamente
induziria a um tipo de hipertrofia, como corredores (hipertrofia
sarcoplasmática no gastrocnêmio, por exemplo) também conseguiam
hipertrofiar o mesmo grupamento muscular através da hipertrofia
miofibrilar (que normalmente se era dada a treinamentos tensionais, com
levantadores de peso, por exemplo).
Voltando ao fato do número de repetições,
diante de cada método de treino, observamos um número chave de
repetições por set, exercício, grupamento muscular ou treino. Números
esses que variam das formas mais absurdas possíveis. E qual dizer que
está certo ou errado?
Se observarmos na literatura proposta, por exemplo, em 1992 por Michel Yessis, PhD, obteremos uma tabela que nos permite entender um pouco mais sobre a relevância que há entre as repetições e as possíveis finalidades ocorridas.

Mas,
este ou quaisquer outros protocolos realmente podem ser levados em
consideração? Para parâmetros, podemos dizer que sim, porém, na prática
ele pode ser um tremendo fracasso para muitos atletas, principalmente os
de níveis profissionais que possuem adaptações musculares extremamente
diferentes umas das outras e, principalmente cada vez mais resistentes
(pelo decorrer dos anos seguidos da prática).
Teoricamente,
se quiséssemos trabalhar em um padrão para hipertrofiar a musculatura,
deveríamos trabalhar entre 70-95% de nossa capacidade máxima de carga
com cerca de 8-15 repetições e, variando as velocidades e descansos como
propostos na tabela. Mas, agora, pergunto a você: Sabendo que os
mecanismos de hipertrofia não envolvem apenas um fator, será que podemos
considerar essa média realmente válida? Pesquisas recentes, por
exemplo, vem demonstrando que é possível e, diga-se de passagem, é
conveniente que treinos tensionais sejam realizados para que, através do
estímulo e consequentemente da supercompensação protéica e estímulos
hormonais a musculatura se desenvolva de melhor forma e, forma essa
duradoura. E esses treinos tensionais, por exemplo, na tabela, estariam
entre os itens 6 e 7, por incrível que pareça, sendo os itens seguintes
considerados um tanto quanto submáximos. Por outro lado, não podemos
dizer que essas pesquisas não possam parecer um tanto quanto céticas,
pois, inúmeros foram e são os atletas que também obtém ótimos resultados
segundo protocolos dos itens acima do 6. Contraditório? Diria eu que
não…
Em primeiro lugar, porque quando
analisamos essas tabelas gerais, observamos que muitos dos estudos são
feitos com pessoas que não são atletas e, tampouco atletas competitivos
e/ou de alto padrão. Assim, isso até pode aplicar-se de maneira geral
para a população GERAL como uma base ou média a ser seguida.
Entretanto,
a musculação, se bem observarmos pela palavra, significa a ação do
músculo. Essa ação, não necessariamente precisa visar algo estético.
Portanto, a musculação está presente em nosso dia-a-dia a todo momento
e, incluo como praticantes de “ação” muscular os que não praticam algum
esporte relacionado a musculação. Desta forma, cremos que não é a ação
do músculo em si que o desenvolverá a proporções nas quais nós
bodybuilders queremos e objetivamos, mas sim, um trabalho específico
para isso, envolvendo não só a atividade física, mas também alimentação,
fatores genéticos, descanso, etc. A definição disto, por conseguinte é
que esse trabalho é primordialmente específico para cada atleta. Ora, se
cada atleta possui uma individualidade fisiobiológica específica, se
cada atleta possui necessidades nutricionais específicas, então porque
achar que esses atletas também não possuam individualidades em seus
treinamentos? Concordo que alguns protocolos científicos podem ser tidos
sim como uma forma de tentar otimizar os resultados da maneira mais
rápida possível, apenas. Assim, as adaptações que acontecem perante ao
treinamento serão sempre variáveis não podendo haver uma única regra.
Um dos fatores que faz com que tudo isso aconteça, segundo algumas fontes referenciais é a presença dos diferentes tipos de miofibrilas do corpo humano e, de cada indivíduo.
As miofibrilas,
pela literatura são definidas em diversas, porém, essas definições são
um tanto quanto contraditórias, mas, para que possamos entender um pouco
a respeito do que estou falando, é prudente que conheçamos os
principais e mais aceitos tipos que são:
Slow-Twitch ou Fibras do tipo I,
que possuem metabolismo aeróbio, uma atividade baixa da enzima miosina
ATPase, baixa velocidade na liberação de cálcio durante a contração
muscular, capacidade glicolítica menor, maior número de mitocôndrias e
outras organelas, alta concentração de mioglobina combinadas com
mitocôndrias e citocromos (responsáveis por sua cor característica),
maior metabolismo aeróbio. Essas fibras, normalmente estão envolvidas
com o exercício prolongado.
Fast-Twitch ou Fibras tipo II,
que possuem alta capacidade de transmissão eletroquímica dos potenciais
de ação na contração muscular, alta atividade da miosina ATPase,
liberação de cálcio mais rápida, quando comparada a Slow-Twitch, maior
velocidade de contração, melhor sistema glicolítico e metabolismo
primariamente anaeróbio. Essas fibras, são recrutadas, principalmente em
treinamentos de alta intensidade (como os tensionais).
Além
dessas, ainda podemos encontrar outros subgrupos de fibras musculares,
que ao meu ver, são “mesclas” entre um tipo de fibra muscular e outro.
Essas, são divididas em:
Tipo IIA, com contração e capacidade aeróbia moderada;
Tipo IIB, com um maio potencial anaeróbio, sendo portanto considerada a verdadeira Fast-Twitch FG (fast glicolytic);
E, por fim, mas, que não será de extrema aplicabilidade para nós aqui, as fibras tipo IIC, envolvidas na inervação motora, pouco diferenciada das outras e rara.
Tipo IIB, com um maio potencial anaeróbio, sendo portanto considerada a verdadeira Fast-Twitch FG (fast glicolytic);
E, por fim, mas, que não será de extrema aplicabilidade para nós aqui, as fibras tipo IIC, envolvidas na inervação motora, pouco diferenciada das outras e rara.
Assim,
através destes mecanismos de crescimento muscular e das adaptações
musculares, ainda é controverso acreditar que uma fibra de determinado
tipo possa ser mudada para de outro tipo. Ao que tudo indica de mais
correto, o treinamento pode induzir mudanças perante ao aumento da
capacidade das Fast-Twitch ou vice-versa, compactuando então com o que
já discutimos sobre hipertrofia sarcoplasmática e miofibrilar e o tempo
com que cada uma delas acontece (simultaneamente).
Um último conceito que poderíamos trabalhar é então um conceito proposto por Mike Mentzer
que, se adaptado, pode ser muito bem utilizado: Mentzer propunha,
segundo estudos baseados em fisiologia que, o músculo é hipertrofiado de
melhor maneira quando realizado um trabalho entre 30-90 segundos, sendo
a melhor média a de 60 segundos. Por conseguinte, cada indivíduo diante
de seu método deveria ter um treinamento com os tempos de durações e
contrações musculares diferentes, variando aí, através de algumas
fórmulas o quanto cada indivíduo deveria realizar de trabalho anaeróbio
(e não aeróbio e tampouco submáximo) em cada set. Isso possibilitava
definir também que, cada indivíduo poderia geneticamente ter
predominância de tipos de fibras musculares em determinada musculatura.
Por exemplo, alguns indivíduos predominantemente com fibras do tipo I
nas pernas necessitariam de um número X maior de repetições para
realmente trabalhar as pernas de maneira eficaz, ou, no caso de um
indivíduo predominantemente com fibras do tipo IIb, um número X de
repetições, menores.
Creio que,
talvez essa não seja de fato a maior aplicabilidade, mas, nos permite
mostrar o quão individualizado pode ser o trabalho necessário para se
atingir o objetivo proposto.
Conclusão
Conclusivamente, podemos dizer que não há uma regra específica para o número de repetições
que devem ser realizados para cada grupo muscular, para cada
treinamento ou tampouco para cada indivíduo, principalmente se
estivermos falando de atletas. Entretanto, o conhecimento científico
pode ser tido como um parâmetro para, de certa forma, conseguir errar
menos e otimizar os resultados. Por fim, ao que tudo indica, o resultado
final realmente virá da mescla empírica científica, uma complementando a
outra de indivíduo para indivíduo, tornando a musculação não um esporte
geral, mas, extremamente específico, fazendo com que o que possa
funciona muito bem para alguns indivíduos, seja um fracasso para outros
ou vice-versa.
Bons treinos.
Artigo escrito por Marcelo Sendon (@marcelosendon)
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